Ação do PopRuaJud do TRT-PR atende mais de mil pessoas em ação social na capital paranaense
Mais de 1.100 pessoas procuraram o estande do Subcomitê Regional de Atenção às Pessoas em Situação de Rua (PopRuaJud) do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (TRT-PR) em busca de materiais de higiene pessoal, cobertores, roupas e calçados. A ação aconteceu entre os dias 12 e 16 de maio na Casa da Acolhida e do Regresso de Curitiba, da Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS) e no Parque Barigui, e reuniu diversos órgãos públicos em um grande mutirão com o objetivo de atender às necessidades básicas da população que vive nas ruas de Curitiba.
Voluntários do TRT-PR se revesaram durante cinco dias, de manhã e de tarde
para atender mais de 1.100 pessoas
Luiz é um profissional da área de segurança. Ele veio de São Paulo há cinco anos para buscar novas oportunidades, mas nem tudo deu certo. Embora esteja ainda em situação de rua, se esforça reverter essa condição. O primeiro passo é arrumar um emprego, mas para isso, ele precisou fazer novos documentos e garantir um mínimo de dignidade, com roupas novas, cobertores para suportar o frio e material de higiene pessoal. "Sem documento a gente não faz nada. Não é nada. Não é ninguém. Eu preciso do documento. Eu estou sem trabalho e sem nada porque eu estou sem documento. Ninguém contrata", contou.
Júnior, outro atendido, buscava cobertores, roupas e, quem sabe, materiais reciclados que pudesse vender para garantir o almoço do dia para ele e mais três companheiros. Ele é formado em enfermagem e possui documentos, mas diz que não quer sair das ruas. É a sua escolha. "Eu vi o pior e o melhor de um ser humano. Sabe onde? Em uma UTI de hospital. Hoje eu durmo muito mais tranquilo. Tenho paz. Não troco isso por nada. O que aprendi na vida é que a gente tem que querer fazer as coisas sem esperar nada em troca, onde estiver", afirmou.
"Sem esperar nada em troca". Este foi o estado de espírito das dezenas de voluntários dos mais de 15 órgãos públicos que participaram do mutirão em prol da população de rua. Na parte de triagem do material recebido pelo TRT-PR pela Defesa Civil do Paraná, o servidor público Marcelo Iansen Loureiro demonstrava pelos atos ver sentido naquela ação social. "É bastante gratificante, a gente fica feliz por poder participar de tão interessante ação. O legal também é ver o semblante de quem recebe os donativos. Ficam bastante contentes porque percebem que alguém está olhando por eles. Isso é muito interessante", observou.
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As atividades foram divididas entre a parte de triagem dos materiais recebidos
pela Defesa Civil do Paraná e o atendimento direto
No atendimento direto, Carolina Ragni Da Silva Pacheco afirmou que já queria participar deste tipo de atividade, mas não sabia por onde começar. Ela disse que não tinha noção, de fato, da realidade das pessoas que vivem nas ruas até estar ali. Algo que é simples, como beber um copo d'água é algo que nem sempre está disponível. "Para ajudar, às vezes você não precisa nem ir lá. Se você juntar doações, roupas, roupas íntimas, meias, já ajuda. Qualquer ajuda é muito bem-vinda. Aqui no atendimento, conversar com as pessoas é muito importante. Olhar a pessoa no olho e responder. Porque é um outro ser humano. Muitas vezes a gente passa na rua e finge que não vê".
A secretaria do PopRuaJud no TRT-PR, Alessandra Souza Garcia, explica que a ação social aconteceu tanto na FAS quanto no Barigui porque o atendimento é voltado para dois públicos diferentes: a população em situação de rua e os indígenas e caiçaras, os caboclos do litoral paranaense. "Dividimos os locais de atendimento porque os dois grupos são bem diferentes. Os caiçaras e indígenas vivem em comunidades organizadas, são pessoas que estão inseridas dentro de um contexto social. Mas todos estão sendo atendidos dentro do mesmo evento porque o foco principal é a regularização de documentação", esclareceu.
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A desembargadora Maria Aparecida Blanco de Lima (TJ-PR) falou sobre a importância de ter documentação
A representante do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) foi a desembargadora Maria Aparecida Blanco de Lima. Ela confirmou que a construção da cidadania começa com o fornecimento de documentos. "Isso representa o atingimento da sua expressividade perante a sociedade brasileira, e que possam realmente usufruir de toda a convivência com as demais pessoas e ter esse atingimento social. Então nós temos hoje uma desigualdade imensa social no país e precisamos realmente cuidar. Curitiba hoje está com cerca de 4 mil e poucas pessoas nas ruas. É um número muito elevado e diante de tudo que ocorre. Então nós precisamos ter esse olhar para poder, se não resolver de tudo, pelo menos reduzir essas desigualdades", finalizou.
Texto e Fotos: Pedro Macambira Filho / Ascom TRT-PR