Audiência ouviu sociedade sobre futuro do Hospital Evangélico
Juiz Eduardo Milléo Baracat, vice-presidente do TRT-PR Marlene T. Fuverki Suguimatsu e o Procurador Regional do Trabalho Gláucio Araújo de Oliveira |
Audiência pública ouve a sociedade sobre o futuro do Hospital e da Faculdade Evangélica "O Hospital Evangélico, que já cuidou da saúde de tantos paranaenses, hoje é uma instituição doente que precisa da mobilização da sociedade na busca da possível cura de sua situação financeira e administrativa". A afirmação da desembargadora Marlene T. Fuverki Suguimatsu traduziu o propósito da audiência pública realizada dia 13 de dezembro, na sede do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná, em Curitiba. |
Foram convidadas mais de 80 instituições ligadas direta ou indiretamente ao Hospital e à Faculdade Evangélica, incluindo representantes da União, Ministério Público, Governo do Estado, Prefeitura de Curitiba, Conselho Regional de Medicina, igrejas mantenedoras, sindicatos e associações de profissionais e acadêmicos, entre outras entidades e pessoas físicas que se apresentaram voluntariamente. Mais de 50 pessoas falaram ao microfone, incluindo professores e acadêmicos de Medicina, expressando suas ideias, críticas e sugestões. "Todas as contribuições aqui apresentadas serão encaminhadas para o processo de intervenção judicial", afirmou a desembargadora Marlene T. Fuverki Suguimatsu, ao explicar que a audiência foi motivada "pela necessidade de esclarecer a comunidade da real finalidade da intervenção da Justiça do Trabalho, decretada a pedido do Ministério Público do Trabalho após reiterados descumprimentos de obrigações trabalhistas por parte da Sociedade Evangélica Beneficente, mantenedora do Hospital e da Faculdade". A Justiça do Trabalho, ressaltou a magistrada, não busca resolver apenas a questão trabalhista, mas tenta encontrar solução para a própria continuidade do Hospital e da Faculdade, que têm papel fundamental na garantia do direito à saúde dos paranaenses. |
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O interventor do Hospital, Carlos Alberto Motta, disse que a situação financeira da instituição é de insolvência, com R$ 350 milhões em dívidas. O quadro se agravou com o retorno dos pagamentos aos bancos credores, que retêm todo mês, na fonte, 23% dos repasses do Sistema Único de Saúde. A retomada dessa cobrança, após doze meses de moratória, deixou o Hospital com recursos insuficientes, provocando o cancelamento de atendimentos emergenciais e consultas. "O Hospital chegou a esta situação por má gestão e também devido ao subfinanciamento do sistema público e filantrópico de saúde. São necessários aportes adicionais de R$ 3 milhões por mês para que o Evangélico possa funcionar próximo de sua capacidade", disse o interventor. Dos mais de 400 leitos do Hospital, somente 150 estão ocupados atualmente. | O médico Carlos Alberto Motta é interventor no Hospital Evangélico |
A interventora da Faculdade Evangélica do Paraná, Carmen Austrália Paredes M. Ribas, relatou que a instituição ainda tem dívidas significativas (R$ 7 milhões somente em aluguel atrasado do edifício-sede), mas conseguiu equilibrar as contas, colocar os salários em dia e formar parcerias para equipar salas de aula e laboratórios.
Médicos, estudantes de Medicina e funcionários, tanto do Hospital como da Faculdade, apontaram que a intervenção decretada pela 9ª Vara do Trabalho de Curitiba evitou o fechamento das instituições. Para o médico cardiologista Luiz Fernando Kubrusly, “a intervenção foi como uma operação que resolveu 50% dos problemas mas os outros 50% dependem do pós-operatório, o que pode levar mais tempo do que se imagina”.
Representantes da Sociedade Evangélica Beneficente fizeram “mea culpa” pelos anos anteriores à intervenção, admitindo que houve gestão pouco eficiente na utilização dos recursos. No entanto, afirmaram que a SEB criou um novo estatuto que prevê composição tripartite do Conselho Diretor, cabendo às igrejas apenas um terço dos assentos, com o restante sendo preenchido por técnicos e representantes da sociedade. |
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SOLUÇÕES Na situação de endividamento atual, informou a procuradora do Trabalho Patrícia Blanc Gaides, os bancos não querem negociar com o Evangélico. Teria de haver um aumento de receitas para rediscutir os contratos, e esse aumento passa pela habilitação de serviços do Hospital junto ao SUS, via Município. Medidas nesses sentido já foram tomadas e tramitam no Ministério da Saúde.
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Cerca de 80 instituições foram convidadas para a audiência pública |
A procuradora informou que o Governo do Paraná assinou alguns convênios e está fazendo uma lei de subvenção para destinar alguns recursos para os hospitais filantrópicos. O Município de Curitiba aporta apenas 2% do orçamento do Hospital Evangélico - toda a verba restante é federal (SUS). "Esse novo olhar da administração municipal, que esperamos que se concretize com a nova gestão, é fundamental e não é só para o Evangélico, é para todos. A forma do contrato hoje penaliza os hospitais de Curitiba. O momento é de transparência na gestão e nas informações, o que se inaugurou através da intervenção e deve ser mantido", apontou.
Quanto à alegada dívida do Hospital com o Município, a procuradora sublinhou que anteriormente não havia controle adequado da prestação de serviços e do repasse de recursos: “Cheguei a recomendar ao município que judicializasse a cobrança dessas dívidas para que fique demonstrada claramente a existência dos débitos”. AUSÊNCIAS |
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Mais de 50 expositores apresentaram seus argumentos no TRT-PR |
Carmen Austrália Ribas é interventora na Faculdade Evangélica |
Professor Osvaldo Malafaia foi um dos que se manifestaram |
Acadêmicos inscreveram-se entre os expositores |
Notícia publicada em 13/12/2016 Assessoria de Comunicação do TRT-PR (41) 3310-7313 ascom@trt9.jus.br |