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Tribunal Regional do Trabalho 9ª Região

Página gerada em: 01/05/2024 20:26:28

Audiência ouviu sociedade sobre futuro do Hospital Evangélico

Notícia publicada em 16/12/2016

Juiz Eduardo Milléo Baracat, vice-presidente do TRT-PR Marlene T. Fuverki Suguimatsu e o Procurador Regional do Trabalho Gláucio Araújo de Oliveira
Audiência pública ouve a sociedade sobre o futuro do Hospital e da Faculdade Evangélica

"O Hospital Evangélico, que já cuidou da saúde de tantos paranaenses, hoje é uma instituição doente que precisa da mobilização da sociedade na busca da possível cura de sua situação financeira e administrativa". A afirmação da desembargadora Marlene T. Fuverki Suguimatsu traduziu o propósito da audiência pública realizada dia 13 de dezembro, na sede do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná, em Curitiba.

Foram convidadas mais de 80 instituições ligadas direta ou indiretamente ao Hospital e à Faculdade Evangélica, incluindo representantes da União, Ministério Público, Governo do Estado, Prefeitura de Curitiba, Conselho Regional de Medicina, igrejas mantenedoras, sindicatos e associações de profissionais e acadêmicos, entre outras entidades e pessoas físicas que se apresentaram voluntariamente.


Mais de 50 pessoas falaram ao microfone, incluindo professores e acadêmicos de Medicina, expressando suas ideias, críticas e sugestões.


"Todas as contribuições aqui apresentadas serão encaminhadas para o processo de intervenção judicial", afirmou a desembargadora Marlene T. Fuverki Suguimatsu, ao explicar que a audiência foi motivada "pela necessidade de esclarecer a comunidade da real finalidade da intervenção da Justiça do Trabalho, decretada a pedido do Ministério Público do Trabalho após reiterados descumprimentos de obrigações trabalhistas por parte da Sociedade Evangélica Beneficente, mantenedora do Hospital e da Faculdade". A Justiça do Trabalho, ressaltou a magistrada, não busca resolver apenas a questão trabalhista, mas tenta encontrar solução para a própria continuidade do Hospital e da Faculdade, que têm papel fundamental na garantia do direito à saúde dos paranaenses. 

O interventor do Hospital, Carlos Alberto Motta, disse que a situação financeira da instituição é de insolvência, com R$ 350 milhões em dívidas. O quadro se agravou com o retorno dos pagamentos aos bancos credores, que retêm todo mês, na fonte, 23% dos repasses do Sistema Único de Saúde. A retomada dessa cobrança, após doze meses de moratória, deixou o Hospital com recursos insuficientes, provocando o cancelamento de atendimentos emergenciais e consultas. "O Hospital chegou a esta situação por má gestão e também devido ao subfinanciamento do sistema público e filantrópico de saúde. São necessários aportes adicionais de R$ 3 milhões por mês para que o Evangélico possa funcionar próximo de sua capacidade", disse o interventor. Dos mais de 400 leitos do Hospital, somente 150 estão ocupados atualmente.
O médico Carlos Alberto Motta é interventor no Hospital Evangélico

A interventora da Faculdade Evangélica do Paraná, Carmen Austrália Paredes M. Ribas, relatou que a instituição ainda tem dívidas significativas (R$ 7 milhões somente em aluguel atrasado do edifício-sede), mas conseguiu equilibrar as contas, colocar os salários em dia e formar parcerias para equipar salas de aula e laboratórios.  

 

Médicos, estudantes de Medicina e funcionários, tanto do Hospital como da Faculdade, apontaram que a intervenção decretada pela 9ª Vara do Trabalho de Curitiba evitou o fechamento das instituições. Para o médico cardiologista Luiz Fernando Kubrusly, “a intervenção foi como uma operação que resolveu 50% dos problemas mas os outros 50% dependem do pós-operatório, o que pode levar mais tempo do que se imagina”.

 

Representantes da Sociedade Evangélica Beneficente fizeram “mea culpa” pelos anos anteriores à intervenção, admitindo que houve gestão pouco eficiente na utilização dos recursos. No entanto, afirmaram que a SEB criou um novo estatuto que prevê composição tripartite do Conselho Diretor, cabendo às igrejas apenas um terço dos assentos, com o restante sendo preenchido por técnicos e representantes da sociedade.

SOLUÇÕES

Na situação de endividamento atual, informou a procuradora do Trabalho Patrícia Blanc Gaides, os bancos não querem negociar com o Evangélico. Teria de haver um aumento de receitas para rediscutir os contratos, e esse aumento passa pela habilitação de serviços do Hospital junto ao SUS, via Município. Medidas nesses sentido já foram tomadas e tramitam no Ministério da Saúde.


“O fato é que o pagamento mensal de R$ 2,3 milhões em dívidas asfixia o hospital. Se houver um aumento de receita e uma redução nesta prestação mensal, o hospital pode avançar e recuperar o equilíbrio financeiro. Hoje, simplesmente apaga-se incêndio. O Evangélico atravessa uma fase extremamente crítica e precisa de um olhar diferenciado”. 


Cerca de 80 instituições foram convidadas para a audiência pública

A procuradora informou que o Governo do Paraná assinou alguns convênios e está fazendo uma lei de subvenção para destinar alguns recursos para os hospitais filantrópicos. O Município de Curitiba aporta apenas 2% do orçamento do Hospital Evangélico - toda a verba restante é federal (SUS). "Esse novo olhar da administração municipal, que esperamos que se concretize com a nova gestão, é fundamental e não é só para o Evangélico, é para todos. A forma do contrato hoje penaliza os hospitais de Curitiba. O momento é de transparência na gestão e nas informações, o que se inaugurou através da intervenção e deve ser mantido", apontou.

 

Quanto à alegada dívida do Hospital com o Município, a procuradora sublinhou que anteriormente não havia controle adequado da prestação de serviços e do repasse de recursos: “Cheguei a recomendar ao município que judicializasse a cobrança dessas dívidas para que fique demonstrada claramente a existência dos débitos”.


AUSÊNCIAS
Após agradecer aos participantes da audiência, a desembargadora Marlene T. Fuverki Suguimatsu lamentou a ausência de representantes do Município de Curitiba, do Governo do Estado e dos bancos credores particulares - três atores importantes na busca de uma solução para a continuidade do Hospital. A Caixa Econômica Federal foi a única instituição bancária representada. O juiz responsável pelo processo de intervenção, Eduardo Milléo Baracat, afirmou que a situação da Faculdade Evangélica tende a se resolver de forma mais célere, enquanto a solução para o Hospital deve ocorrer a longo prazo.

Clique AQUI para acessar o vídeo da transmissão da audiência.
Fotos da audiência estão no Flickr do TRT-PR.
Clique AQUI para assistir reportagem de TV sobre a audiência.

 


Mais de 50 expositores apresentaram seus argumentos no TRT-PR

Carmen Austrália Ribas é interventora na Faculdade Evangélica

Professor Osvaldo Malafaia foi um dos que se manifestaram

Acadêmicos inscreveram-se entre os expositores
Notícia publicada em 13/12/2016
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